Pensamentos. Sensações. Mudanças.
Quando o incerto torna-se real, o duvidoso ganha vida,
a tinta e o papel acabam sendo, sempre, os meus únicos confidentes.
Pensamentos que são meus.
Sensações que são minhas.
Mudanças da minha vida.
Nada que me preocupe além do habitual.
Ou que me machuque mais do que o normal.
Quem nasceu na mudança pode nunca voar como os pássaros,
mas aprende a renascer como fênix.
Eu renasço.
Por isso penso, sinto, mudo.
E sorrio.
Não eram
Os dias já não eram os mesmos.
As horas passavam mornas, pacientes. Tudo estava em paz.
Deveria estar em paz.
Acontece que não há paz quando os dias deveriam ser outros dias,
as horas se arrastam como larvas e tudo caminha em direção a nada.
Angústia.
Sentimento miserável que te visita nos piores momentos do dia.
Momentos de solidão.
Se pelo menos o telefone tocasse. Ou o quarto explodisse.
Tanto faz. Não...
O que ele queria, de verdade, era que o mundo girasse.
Como um peão veloz que sai da mão de uma criança marota,
em fúria a riscar o chão, incontrolável e sem rumo.
Ele ainda sabia que o destino não era importante. Nunca o fôra.
Apenas lhe escapara a velocidade.
Ela que sempre o moveu, perdeu-se pelo caminho.
Agora o tempo era uma procissão de desejos e sonhos esquecidos
a passar ritmadamente, lentamente.
Permanecer nesse quarto já não lhe parecia tão ruim.
O tempo não mudaria se ele atravessasse a porta.
Nada mudaria.
Pelo menos aqui, os pensamentos são só seus.
A solidão não é compartilhada, é somente sua.
Viver torna-se esperar.
O problema é que o seu silêncio, cortado por barulhos alheios,
veste a máscara de sua angústia.
Ela que martela em sua cabeça,
congelando o seu ventre e turvando a sua visão, lhe mostra
que o que não é tão ruim, na verdade é péssimo.
Pessimista.
Não, chamasse-o de tudo, menos pessimista.
Ele pode ter perdido a velocidade.
Pode estar afogado em seus anseios.
Mas nunca abraçaria a amargura.
Levantara.
As horas passavam mornas, pacientes. Tudo estava em paz.
Deveria estar em paz.
Acontece que não há paz quando os dias deveriam ser outros dias,
as horas se arrastam como larvas e tudo caminha em direção a nada.
Angústia.
Sentimento miserável que te visita nos piores momentos do dia.
Momentos de solidão.
Se pelo menos o telefone tocasse. Ou o quarto explodisse.
Tanto faz. Não...
O que ele queria, de verdade, era que o mundo girasse.
Como um peão veloz que sai da mão de uma criança marota,
em fúria a riscar o chão, incontrolável e sem rumo.
Ele ainda sabia que o destino não era importante. Nunca o fôra.
Apenas lhe escapara a velocidade.
Ela que sempre o moveu, perdeu-se pelo caminho.
Agora o tempo era uma procissão de desejos e sonhos esquecidos
a passar ritmadamente, lentamente.
Permanecer nesse quarto já não lhe parecia tão ruim.
O tempo não mudaria se ele atravessasse a porta.
Nada mudaria.
Pelo menos aqui, os pensamentos são só seus.
A solidão não é compartilhada, é somente sua.
Viver torna-se esperar.
O problema é que o seu silêncio, cortado por barulhos alheios,
veste a máscara de sua angústia.
Ela que martela em sua cabeça,
congelando o seu ventre e turvando a sua visão, lhe mostra
que o que não é tão ruim, na verdade é péssimo.
Pessimista.
Não, chamasse-o de tudo, menos pessimista.
Ele pode ter perdido a velocidade.
Pode estar afogado em seus anseios.
Mas nunca abraçaria a amargura.
Levantara.
Sobre Adriano e o Tempo
O sol figurava alto no horizonte.
Sol vigoroso. Sol de verão.
O calor era sufocante, apesar de fustigado pela inconstante brisa do Mediterrâneo, a tarde passava. Quente.
Adriano estava aconchegado sob a doce proteção de sua oliveira.
Ela que se erguia imponente frente ao sol, entortava seus raios e enfrentava o verão, era sua árvore preferida. Árvore grega.
Ele já não discernia a quanto tempo estava ali.
Seu corpo enrijecido não procurava saber.
Uma hora ou duas. Um dia. Um mês. Uma vida.
Espaços de tempo que já não importavam para quem um dia foi dono do mundo. Foi jovem.
E hoje está presos em ossos frágeis, mascarado em pele flácida.
Atrelado há um tempo que já passou.
Lembranças. Certamente tudo o que restou.
Recortes de um tempo valioso. Tempo não esquecido.
Entre um olhar ao lago, um toque a grama, Adriano repassa momentos.
Seus momentos.
Retornou a Borístenes, seu fiel companheiro,
de pelagem escura e dorso forte, imponente.
Dono de um galope feroz, agia como se lesse os pensamentos de seu cavaleiro.
Juntos eram mais do que homem e cavalo.
Era centauro.
E o tempo galopava.
Pensou em Trajano, Nero, Otávio.
Seus antecessores, assim como ele, responsáveis pela consolidação do Império.
Recordou de um tempo que não era seu,
mas que era confusamente tão distante e tão próximo.
Era pesado, opressivo.
Possuía cheiro de tradição, tom de liderança e gosto de sacrifício.
Emanava poder. Carregava solidão.
Tentou apagar isso da memória.
Visualizou Antínoo.
De cabelos louros, rosto delineado e personalidade tímida, ele exalava juventude.
Adriano que nunca esqueceu o amor, voou rumo a um tempo apaixonado, voluptuoso, impregnado de calor e frio, prazer e dor.
Tempo de antíteses.
Reviveu Antínoo com intensidade. Paixão.
Terminou, como já fizera tantas vezes, recordando sua morte.
Chorou.
Quis voltar ao tempo em que era uma criança em Itálica.
Quando a responsabilidade era uma promessa,
o mundo era pequeno e o tempo era grande.
Era grande e leve.
Era como nuvem de outono.
Permitiu perder-se nesse mar sereno e calmo.
Despertou ao som dos pirilampos.
O sol já havia se despedido sem rodeios e a lua reinava soberana.
Adriano admirou-se com a velocidade de seu tempo.
Desse seu novo tempo.
Afinal já foram tantos. Porém sempre possuíam o mesmo nome.
Tempo.
Quem sabe nada mais do que um paradoxo indecifrável.
Quem sabe... Pensou.
E adormeceu. Sem pressa, nem anseios.
Sem amarras.
Inspirado no livro Memórias de Adriano da escritora francesa Marguerite Yourcenar. Trata-se de uma autobiografia fictícia sobre a vida do imperador romano Adriano, que reinou no início do século II D.C. (entre 117 a 138), caracterizado por ser um período intercalar entre a queda na crença aos deuses romanos e a ascensão do Cristianismo. Recomendo a leitura e espero que Yourcenar não se revire no túmulo pela tomada de sua obra.
Sol vigoroso. Sol de verão.
O calor era sufocante, apesar de fustigado pela inconstante brisa do Mediterrâneo, a tarde passava. Quente.
Adriano estava aconchegado sob a doce proteção de sua oliveira.
Ela que se erguia imponente frente ao sol, entortava seus raios e enfrentava o verão, era sua árvore preferida. Árvore grega.
Ele já não discernia a quanto tempo estava ali.
Seu corpo enrijecido não procurava saber.
Uma hora ou duas. Um dia. Um mês. Uma vida.
Espaços de tempo que já não importavam para quem um dia foi dono do mundo. Foi jovem.
E hoje está presos em ossos frágeis, mascarado em pele flácida.
Atrelado há um tempo que já passou.
Lembranças. Certamente tudo o que restou.
Recortes de um tempo valioso. Tempo não esquecido.
Entre um olhar ao lago, um toque a grama, Adriano repassa momentos.
Seus momentos.
Retornou a Borístenes, seu fiel companheiro,
de pelagem escura e dorso forte, imponente.
Dono de um galope feroz, agia como se lesse os pensamentos de seu cavaleiro.
Juntos eram mais do que homem e cavalo.
Era centauro.
E o tempo galopava.
Pensou em Trajano, Nero, Otávio.
Seus antecessores, assim como ele, responsáveis pela consolidação do Império.
Recordou de um tempo que não era seu,
mas que era confusamente tão distante e tão próximo.
Era pesado, opressivo.
Possuía cheiro de tradição, tom de liderança e gosto de sacrifício.
Emanava poder. Carregava solidão.
Tentou apagar isso da memória.
Visualizou Antínoo.
De cabelos louros, rosto delineado e personalidade tímida, ele exalava juventude.
Adriano que nunca esqueceu o amor, voou rumo a um tempo apaixonado, voluptuoso, impregnado de calor e frio, prazer e dor.
Tempo de antíteses.
Reviveu Antínoo com intensidade. Paixão.
Terminou, como já fizera tantas vezes, recordando sua morte.
Chorou.
Quis voltar ao tempo em que era uma criança em Itálica.
Quando a responsabilidade era uma promessa,
o mundo era pequeno e o tempo era grande.
Era grande e leve.
Era como nuvem de outono.
Permitiu perder-se nesse mar sereno e calmo.
Despertou ao som dos pirilampos.
O sol já havia se despedido sem rodeios e a lua reinava soberana.
Adriano admirou-se com a velocidade de seu tempo.
Desse seu novo tempo.
Afinal já foram tantos. Porém sempre possuíam o mesmo nome.
Tempo.
Quem sabe nada mais do que um paradoxo indecifrável.
Quem sabe... Pensou.
E adormeceu. Sem pressa, nem anseios.
Sem amarras.
Inspirado no livro Memórias de Adriano da escritora francesa Marguerite Yourcenar. Trata-se de uma autobiografia fictícia sobre a vida do imperador romano Adriano, que reinou no início do século II D.C. (entre 117 a 138), caracterizado por ser um período intercalar entre a queda na crença aos deuses romanos e a ascensão do Cristianismo. Recomendo a leitura e espero que Yourcenar não se revire no túmulo pela tomada de sua obra.
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