Ana fora

Cansada, Ana estava
De só rimar, de muito penar,
Dia a dia, carnaval a carnaval
No mesmo lar – limpar, limpar, limpar...
E o patrão? Rá, nem o escambáu!
Nesse lamaçal, te contentas,
Negra Ana,
És anáfora cotidiana.

Amanhã ser

Voltar; tornar; volver.
Revolver.
Revólver.
Na madeira, o grafite; no aço, a bala.
A alma fragmentada sobre o papel; o corpo rebentado sob a lua.
Estilhaços e rabiscos.


Morrer; viver; nascer.
Renascer.
Res-nascer.
O ser não volta a ser, e se ser é não é ser que já foi, pois morto está;
logo, ser apenas agora é e amanhã ser não mais será;
depois de não ser, não-ser.


Amanhecer não mais irá.