Pequeno Conto Soturno (1)

Nada mais do que um pão mofado. O único alimento que resta.
No pequeno apartamento, entre a mobília velha e puída, o cheiro de perfume barato ainda me atormenta. É o perfume daquela vadia.
Esse odor que me assombra a todo o momento.
Como um fantasma, um maldito fantasma.
Há 6 dias ela partiu, não levou nada de si. Levou tudo de mim.
E não que eu ainda a ame, muito pelo contrário.
A detesto com cada gota de meu sangue.
Após tudo o que eu fiz por ela, todo o sacrifício, ela me abandona sem dizer uma única palavra.
O celular dela toca. Ele sempre toca...
- Alô?
- Quem fala?
- Quem fala você?!
- Pedro. Cadê a Virgínia?
- Não interessa.
- Não sabe se ela está disponível agora à noite?
- Nem agora a noite, nem nunca mais! Esquece esse número filha da puta!
- Hey, relaxa...
Era a terceira vez apenas hoje. Eu atendi todas elas.
Atenderei todas as próximas até que a esqueçam.
Sei que não a possuo mais, mas também sei que ela nunca mais sairá daquela cama.

2 comentários:

Sr. Apêndice | 19 de janeiro de 2011 às 18:50

Baaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhh....

Muito massa!!!! O final é surpreendente!
E será que teremos uma continuação da história? Hehehehe...
Está escrevendo cada vez melhor, irmão! Abração

Leandro Santos | 1 de março de 2011 às 10:44

Trágico. haha

Muito bom, abraço!