Paralela Realidade


Sempre gostei de lugares escuros, da fumaça densa, do repertório arrastado.
Conheço tantos lugares assim, e ainda conheço tão poucos.
Hoje, acabo de acordar de mais um.
Como se tivesse passado o nariz em uma linha, eu estive lá em cima.
No fim, despertei lá embaixo.
Voltar é continuamente dolorido.
Dói deixar para trás as cores novas, os sabores presos na língua, os amores marcados na pele.
As sensações que viram lembranças.
E que nunca mais deixarão de sê-las.
A certeza de nunca mais retornar a mesma sala escura, de que a fumaça não será a mesma, e de que o repertório?

Ele sempre, sempre, mudará.

Basta aceitar o pouco que ficou em mim, o pouco que lá deixei.
Compreender a pontualidade e a finitude dos universos paralelos que permeiam nossas realidades diárias, torna-nos fortes.
Pois são eles que nos mantêm firmes, enfrentando a rotina, numa luta a qual jamais sairemos vivos.
A eterna certeza de que, mais cedo ou mais tarde, fugiremos pra aquele lugar escuro e mágico.
Escuro pra mim, talvez azul, vermelho ou verde pra você.
Porém, apostaria que, mágico para ambos de nós.

Todos precisam de novos universos, novas vidas, por mais curtos que sejam.

Lugares que encantem.
Que se esvanecem num piscar de olhos.
Lugares que permanecerão sempre em nós, mesclando-se ao que somos.
E que estarão sempre lá para serem acessados, redescobertos, pela bela e amarga nostalgia.

3 comentários:

Isabella M. Heemann | 1 de agosto de 2011 às 21:53

Como sempre, muito bom! Sempre parece que adivinha o que eu quero ler!!!

Gregory W.C. | 2 de agosto de 2011 às 00:45

Essa é a tal "ressaca" pós-viagem? Hehehehe... Massa!

Unknown | 15 de setembro de 2011 às 23:53

ótimo!!